O agravamento recente da crise financeira e o atraso para finalizar a documentação não impediram que a previsão de orçamento para 2013 fosse aprovada pelo Conselho Deliberativo do Vasco, após longa reunião na noite desta quinta-feira, na sede náutica do clube, no bairro da Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro. Em maioria na votação, a diretoria superou os protestos de algumas das frentes de oposição e obteve o aval para trabalhar com R$ 151,5 milhões na próxima temporada, dos quais R$ 120 milhões devem ser destinados ao futebol. O montante é semelhante com o que o departamento financeiro inicialmente anunciou para 2012. Alguns detalhes e cortes anunciados, no entanto, causaram polêmica.
Os principais são as reduções drásticas de custos com funcionários e estrutura do Colégio Vasco da Gama, implementado pelo ex-presidente Eurico Miranda e tocado pela gestão atual, e nos esportes olímpicos, em especial o remo. A citação da suposta receita de R$ 19 milhões proveniente da venda de jogadores em janeiro, além da bilheteria da Copa Sul-Americana, competição para a qual, a princípio, o Vasco sequer está classificado, ficaram sem explicação. Na verdade, segundo o presidente do movimento Cruzada Vascaína, Leonardo Gonçalves, houve o "acréscimo de mais alguns milhões" em cima da hora.
- O Eurico disse que não poderia ficar sem o remo e pediu para "colocar mais uns R$ 2 milhões". E aceitaram isso, foi aprovado mais uma vez dessa forma, numa proporção de dois votos para um (cerca de 90 conselheiros compareceram). É como se tivessem dado um cheque em branco e não vão precisar prestar contas depois. Uma vergonha - lamentou.
Documento que contém a proposta orçamentária para 2013 com R$ 151,5 milhões (Foto: Reprodução)
Na conta original da comissão orçamentária, haverá R$ 79,5 milhões de gastos, garantindo um superávit de R$ 72 milhões. Desde o fim de agosto, todas as receitas oficiais do clube a partir do período estão bloqueadas por medida judicial na Fazenda Nacional por conta do acúmulo de mais de R$ 160 milhões de dívidas tributárias e previdenciárias. Apenas depois de 7 de janeiro é que isso poderá ser revertido, quando a Justiça retornará de seu recesso. Ao todo, a dívida é de R$ 404 milhões, segundo informou um dos membros da comissão.
O Conselho Fiscal se negou a emitir um parecer ao receber a proposta, na semana passada, alegando que não houve tempo hábil, pois a mesma só foi protocolada na secretaria de São Januário em 17 de dezembro, exatos 17 dias depois do prazo máximo estabelecido pelo estatuto cruz-maltino. O presidente da pasta, Helio Donin, criticou a falta de planejamento e disse que o órgão não teve condições de analisar a documentação, que estaria incompleta.
O presidente em exercício do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, ordenou a sessão sem confusões, diferente da reunião sobre o balanço de 2011, em outubro, quando Abílio Borges recebeu acusações e encerrou a cerimônia antes mesmo da votação. Estas contas, aliás, foram revistas e explicadas, mas só serão analisadas em 15 de janeiro
O vice-presidente de finanças, Nelson de Almeida, não esteve presente por um problema médico, mas endossou, à Rádio Tupi, horas antes, a nova engenharia para salvar o Vasco do buraco em que se enfiou e ressaltou que o "orçamento pode ser mexido a qualquer momento".
- O Vasco fez um projeto de orçamento enxuto, como talvez não tenha sido feito antes. Queremos fazer vários cortes para viabilizar o clube. O orçamento pode ser modificado a qualquer momento. Haverá uma redução importante na folha de pagamento geral, que abrange o colégio, esportes amadores e funcionários - esclareceu.
Nelson Rocha oficializa saída
Nomeado 2º vice-presidente geral na eleição de 2011, Nelson Rocha aproveitou o evento para renunciar ao cargo de modo oficial. Ele terá seu nome retirado dos autos nos próximos dias. Rocha foi vice de finanças até setembro, quando, insatisfeito com os rumos da administração de Roberto Dinamite, saiu de cena, a exemplo de outros dois vices: de futebol, José Hamilton Mandarino, e de patrimônio, Fred Lopes, que arrastaram outros membros.